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ERA TINHA O QUE SEU PRAXEDES TINHA...


Ultimamente Seu Praxedes tem andado meio macambúzio, resmungando pelos quatro cantos das paredes de sua casa, demonstrando estar um pouco mais hipocondríaco que antes.

Algumas pessoas de seu convívio comunitário são unânimes em afirmar que ele continua muito mal e que desta vez a doença dele é de verdade. Ele jura de pés juntos, que sente dores e uma espécie de comichão por todo o corpo e que se não for tratado a tempo morrerá à míngua.

Semana passada, o médico da comunidade vizinha foi chamado às pressas para examinar o pobre moribundo e por mais que ele tenha se esforçado não conseguiu descobrir nada sobre o mal que afligia o seu paciente.

O pajé da comunidade indígena da região também foi lembrado e ali, na sua choupana, como de costume, preparou algumas infusões com ervas medicinais, misturou todo o conteúdo numa garrafa e mandou entregar ao doente branco, mas nada disso adiantou.

Um vendedor de produtos farmacêuticos que passava suas férias na região não deixou por menos e para marcar sua presença como um bom homem de negócio, disse que a aparência daquele doente não era nada boa. Sugeriu que se alguém quisesse ajudá-lo fosse à farmácia local e comprasse algum medicamento à base de cânfora, pois supunha que houvesse sinais de pruridos por todo o corpo.

Como o Seu Praxedes não parava de se coçar, o vendedor visitante decidiu fazer o verdadeiro papel de um médico. Pediu que o seu paciente tirasse a roupa para um exame mais acurado e após examinar todo o corpo dele, afirmou com todas as letras que o que ele tinha era tinha.

Seu Praxedes disse que não tinha entendido nada e mais confuso e hipocondríaco que antes pediu maiores explicações ao homem vendedor de remédios.

O vendedor respirou fundo, olhou para os lados, resmungou um pouco e logo sentiu que tinha se metido numa enrascada danada. Sem maiores delongas decidiu dar as suas explicações técnicas:

- Seu Praxedes, o senhor foi acometido de uma doença conhecida pelo nome de tinha, a qual em termos técnicos é a designação comum de várias espécies de infecções cutâneas superficiais fúngicas, cujo tipo específico está na dependência das características do agente causal. Ela também é conhecida pelo nome de porrigem.

Ao ouvir todo aquele palavreado técnico do vendedor de remédios Seu Praxedes ficou bastante preocupado. Andou de um lado para o outro, como se estivesse procurando algo perdido no chão e demonstrando muita impaciência, perguntou:

- Moço, que doença estranha é essa que o senhor disse que eu tenho? Se o senhor puder me explicar tudo isso bem direitinho outra hora, eu vou lhe agradecer muito, porque até agora eu não entendi nada sobre essa tal de tinha ou porrigem que o senhor acabou de inventar pra mim. Para nós não perdermos mais tempo, apenas uma coisa me interessa saber agora:

- O senhor vai ou não vai me vender o remédio que servirá para eu cuidar dela?
Germano Correia da Silva
Enviado por Germano Correia da Silva em 25/07/2009
Alterado em 13/08/2009

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