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O QUE FAZER DURANTE UM APAGÃO?
O QUE FAZER DURANTE UM APAGÃO?
 

 
O crioulo Murundu é um sujeito de compleição física avantajada que mora nos arredores da vila Macambiras, próximo a Cafundó de Judas que vive afirmando, com todas as letras, que não tem medo de nada. Isso é o que ele fala, mas pelo que foi apurado através de comentários das más línguas local, ele morre de medo de ficar à noite em ambiente com ausência total de iluminação.

Ultimamente, depois de um apagão que ocorreu lá na sua vila, ele tem andado bastante nervoso e quase obcecado à procura de um culpado para ser responsabilizado pelo incidente. Há quem diga que ele anda cuspindo marimbondo à procura de alguém que assuma a culpa pelo problema ocorrido ou talvez quem possa servir de bode expiatório.

Numa dessas suas investidas, visando à investigação do ocorrido ele foi parar no sítio do Seu Nicanor, seu amigo fiel, e durante o almoço ele não perdeu tempo e logo foi comentando que o tal apagão só aconteceu lá na sua vila:


- Seu Nicanor, eu nunca vi algo parecido antes. Todas as pessoas da minha comunidade ficaram às escuras, durante a noite toda e até agora ninguém fez nada para descobrir quem foi o responsável pelo problema. Esse nosso povo está muito pacato. O que o senhor tem a me dizer a respeito?

Seu Nicanor que já conhece o temperamento explosivo desse seu amigo ficou calado o tempo todo e o crioulo Murundu acabou perdendo a calma:

- Seu Nicanor, fale alguma coisa. Esse seu silêncio não é normal. Pelo que vejo, aqui onde o senhor mora não houve nenhum apagão e mesmo que tenha havido parece que o senhor não se importa de conviver com ele e nem com as suas consequências.


- Eu ligo para o apagão e para as sequelas deixadas por ele, sim, mas isso não irá impedir que tenhamos a ocorrência de outra falta de luz qualquer dia desses – disse o Seu Nicanor, com ar de pessoa muito preocupada.

Murundu estava crente que logo encontraria o culpado. A raiva dele era tão grande naquele momento que fez com que ele rangesse os dentes, estufasse o peito e dissesse em alto e bom som:

- Meu amigo Nicanor, se eu não encontrar o culpado pela última falta de iluminação ocorrida na minha vila e por essa que o senhor disse que estar por vir, eu vou morrer roxo de raiva!

- Murundu, você já está ficando roxo... Olha só a cor da sua pele! – disse Seu Nicanor, fazendo uso de uma lanterna para enxergá-lo melhor.

- Eu sei meu amigo, nós vamos ter de nos controlar. É pouco tarde da noite e, por incrível que nos possa parecer, já estamos diante de outro apagão - comentou Seu Nicanor.

- Fiat lux! Fiat lux! Fiat lux! 
 
Essa expressão, apesar de sua tripla repetição, uma vez traduzida do latim para o idioma português, veremos que eles torciam para que o apagão fosse embora: Haja luz! Haja luz! Haja luz!
 
De mãos postas, ambos os amigos imploraram ao Criador dos céus e da Terra e, finalmente, o apagão foi embora.
 
 
Germano Correia da Silva
Enviado por Germano Correia da Silva em 26/11/2009
Alterado em 10/05/2020

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