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FALSOS BOBOS DA CORTE


Num passado um pouco distante, acredita-se que durante a vigência do Império Bizantino, esteve em evidência no âmbito da família do rei e recintos palacianos a figura de um sujeito conhecido como bobo da corte.

Este era o nome dado a determinado funcionário da monarquia incumbido de divertir o rei, a rainha, entre outros. Sua indumentária era bem espalhafatosa e colorida, acompanhada de chapéus bizarros com guizos amarrados. Entre outras coisas, o bobo da corte tinha a incumbência de fazê-los dar boas gargalhadas e proporcionar-lhes momentos de descontração.

Muitas vezes, ele era a única pessoa que podia fazer alguma crítica ao sistema, sem correr riscos de sofrer algum tipo de censura ou represália por parte do monarca, até porque isso já devia fazer parte de um “jogo político” existente entre o monarca e ele para “amaciar” eventuais broncas e descontentamentos advindos da plebe.

A intenção do bobo da corte era mostrar de forma irônica as duas faces da realidade em que sua gente vivia e, entre a declamação de uma poesia e outra, uma dança aqui outra ali, de forma bem sutil, ele ia, através de sua sagacidade, atrevimento e inteligência, “quebrando o gelo” das agruras e dificuldades existentes no dia-a-dia do povão da sua época.

Mais tarde, já no fim das Cruzadas, ele tornou-se figura comum nas cortes européias, vindo a desaparecer durante o século XVII.

Os adeptos dos filmes de Batman devem estar lembrado do Curinga, personagem conhecido como o famoso vilão e arquiinimigo do homem morcego.

A figura do bobo da corte também é bastante conhecida pelas pessoas que gostam do jogo de cartas. A 13ª carta do baralho, que em certos jogos, muda de valor segundo a combinação que o parceiro tem em mão, também foi inspirada na figura dele.

Tudo isso aconteceu já faz bastante tempo. Todavia, se pudéssemos fazer uma correlação com alguns momentos políticos em que vivemos nos dias de hoje, fatalmente chegaríamos à conclusão que o ideal seria que existesse mesmo nesse meio da política partidária pessoas que pudessem fazer o verdadeiro papel do já extinto bobo da corte.

É sabido que o bobo da corte tinha como função principal imitar as atitudes e os gestos de todos, sem distinção, mas isso os nossos humoristas profissionais já o fazem muito bem...

O bobo da corte se encarregava de contar histórias que aparentemente não tinham nenhum sentido coerente, mas se os significados delas fossem analisados nas suas entrelinhas, a intenção do narrador era fazer com que o povo refletisse um pouco, acerca de tudo...

Trazendo isso para nossa realidade, é possível notar que nenhum dos representantes do povo dos nossos dias, por vezes travestido de bobo da corte, tem coragem suficiente para contar “historias” para o seu eleitorado mostrando a “verdade verdadeira”, ou seja, para onde está indo parte do “dinheiro suado” dos inúmeros tributos que pagamos.

Evidentemente, os tempos do bobo da corte não existem do lado de cá nos moldes que existiam do lado de lá, mas as pessoas de cá continuam sendo “distraídas” do mesmo jeito que as de lá.

Chega de dinheiro enfiado nas cuecas, nas meias, e/ou nas demais peças que compõem a vestimenta de trabalho do nosso homem público!

Chega de bobos da corte modernos incumbidos de “atrair” o nosso povo com histórias que parecem ter sentido, mas no fundo elas não passam de vãs promessas de cunho eleitoreiro!

Está na hora de devolver essa grana de aparência “bandoleira” que saiu dos cofres públicos e, por favor, não queiram me fazer rir  com essas histórias e piadas sem graça, versando sobre alguma cassação de mandato...
Germano Correia da Silva
Enviado por Germano Correia da Silva em 18/12/2009
Alterado em 28/12/2009

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