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NUM PASSADO DISTANTE...
 
O avô paterno de Jô Formigão era uma dessas pessoas do meio rural que gostava de contar causos e estórias envolvendo reis e rainhas. Por ser o neto mais velho da família, Jô Formigão vivia às voltas com ele nas reuniões familiares, vindo a se interessar pelo assunto com o passar dos tempos.
 
Recentemente, o mais novo proseador da comunidade Cafundós de Judas, relembrando alguns dos momentos vividos com o seu avô contou uma dessas estórias que tem muito a ver com o que vem acontecendo no mundo real em que vivemos e assim disse ele:

Era uma vez um reino muito rico coordenado pelo rei e seus familiares. Ele estava situado bem no centro da Terra, num lugar pouco acessível às pessoas comuns.

Esse reino era um pouco diferente dos demais. Nele, se as providências a serem tomadas dissessem respeito à manutenção do bem-estar e das benesses inerentes às pessoas que faziam parte da família do rei, não havia nenhum tipo de empecilho: tudo era resolvido às pressas e de comum acordo, preferencialmente na calada da noite.

Apesar de se tratar de uma monarquia convencional, todas as decisões tomadas em prol do bem-estar da família real ocorriam por meio de votações relâmpagos e a toque de caixa, da mesma forma que ainda poderá ocorrer em alguns regimes democráticos modernos.

Sem se preocupar com eventuais críticas e/ou censuras populares, o monarca que vivia ali pouco decidia nesse reino. Seus conselheiros, sim. Estes, uma vez empossados, mandavam e desmandavam nos negócios reais, bem como exerciam uma influência política fora do comum.

Disse ainda, que durante todo tempo de vida desse reino, em apenas uma vez, os súditos, alguns bobos da corte e os serviçais se rebelaram contra uma decisão dessa natureza. Todos ficaram a ver navios, uma vez que, bem ali, ao alcance das suas vistas, estava situado o porto real.

Inexplicavelmente, nesse dia o monarca prometeu dar um reajuste polpudo nas mesadas da rainha, do príncipe e da princesa, sob a alegação de que eles seriam suas únicas pessoas de confiança.

O responsável pela guarda real, demonstrando não ter gostado nem um pouco dessa decisão, protestou de imediato e até profetizou que algo “irreal” poderia acontecer à realeza.

Sabe-se que a economia desse reino decaiu muito nos anos seguintes. O rei e seus familiares, responsáveis pela mudança de cultura no âmbito da política econômica interna, foram duramente criticados pelos demais monarcas dos reinos adjacentes.

Quanto aos súditos, alguns bobos da corte e demais integrantes da plebe, estes continuaram pagando a conta do reino, pelo resto da vida...
Germano Correia da Silva
Enviado por Germano Correia da Silva em 16/12/2010
Alterado em 16/09/2014

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