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COM A BOCA NA BOTIJA...
 
Sou natural de uma região deste país onde a expressão popular denominada “com a boca na botija” é usada para ilustrar o momento em que alguém é pego em flagrante, meio perdido numa situação embaraçosa e/ou cometendo algum ato proibido. Também é usada para designar uma situação em que alguém é apanhado bebendo na botija alheia, ou seja, fazendo algo que não lhe é permitido.

Se uma pessoa é flagrada no exato momento em que está furtando, contando uma mentira, ou cometendo algum ato irregular, podemos dizer que ela foi apanhada “com a boca na botija”.

Botija, na verdade, é um vaso de cerâmica, cilíndrico, de gargalo pequeno e boca estreita, usado para guardar líquidos (bebidas alcoólicas) e, em algumas situações, esse vaso também foi usado para guardar dinheiro (moedas), ouro, prata, etc. de pessoas que não pretendiam dividi-los em vida com alguém e geralmente era enterrado em algum lugar que só o detentor do tesouro conhecia.

Conta certa lenda popular que, após a morte do dono do tesouro guardado e enterrado dentro da botija, a alma dele aparecia, disposta a fazer uma “doação” para alguém de sua extrema confiança em vida, e essa pessoa teria a missão de desenterrar o tesouro e fazer pleno uso de tudo que nele fosse encontrado, liberando, assim, a alma do doador para ela seguir seu rumo.

Trazendo essa expressão popular para o conturbado momento político-partidário que o país está atravessando e, levando-se em consideração o número de pessoas apanhadas “com a boca na botija” pela Polícia Federal, é provável que num futuro não muito distante, muitas almas penadas poderão desviar a intenção de doar suas riquezas.

Elas temerão ser reveladas pelas pessoas “vivas” que estão sendo investigadas e, na hora daquele “aperto” necessário (delação premiada) elas falem os nomes dos donos dos tesouros outrora guardados e eles acabem sendo delatados pelos “vivos” nas investigações ora feitas pelos agentes federais.

Muitas botijas ainda estão guardadas em lugares desconhecidos e não sabidos, cujas almas caridosas estão com receio de doá-las aos seus eventuais beneficiários.

Até que essa “onda investigativa” seja totalmente dissipada, as almas penadas estarão com suas barbas de molho e, com certeza, elas não irão se arriscar a serem apanhadas com as mãos, pés e boca nas botijas, nos momentos de suas eventuais doações.
Germano Correia da Silva
Enviado por Germano Correia da Silva em 11/04/2016
Alterado em 07/11/2017

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