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E AGORA, MICHEL?
 
Em entrevista concedida à BBC Brasil, logo após a sessão do Senado que aprovou o processo de impeachment, o senador Zezé Perrella (PTB-MG) disse que as pedaladas fiscais não foram o motivo que levou a presidente Dilma Rousseff a ser afastada do cargo pelo Congresso.

Segundo ele, a petista caiu por sua "prepotência" e pelas "trapalhadas do governo".

Analisando a declaração inicial do parlamentar petebista mineiro, é bem provável que ele esteja certo. Todavia, em meio a esse vendaval de erros e acertos da petista quando do desempenho de suas funções como presidenta, ele na qualidade de parlamentar teve sua parcela de contribuição em, no mínimo, com alguma omissão, no momento em que poderia apoiar e até orientar a “prepotente” e “trapalhona” (como ele a designou) desnorteada, no afã de encontrar uma “fórmula mágica” para tornar nosso país governável, culminando com o afastamento temporário dela.

O senador, que votou a favor da admissibilidade do impeachment, disse ainda que Temer precisará ser cuidadoso na articulação com o Congresso para não correr o risco de perder o posto na votação definitiva do julgamento de Dilma no Senado - em que serão necessários dois terços dos votos para garantir o impedimento da presidente.

- "Eu espero que ele tenha sensibilidade para fazer o contrário do que a Dilma fez" – disse.

Como se vê, em que pese o apoio maciço dado ao processo de impeachment por parte dos parlamentares da oposição anterior, para que todos “eles” se livrassem o mais rápido possível do PT e seus aliados, Temer ainda não está “seguro” no posto de presidente interino. O caldo poderá entornar a qualquer momento, como bem o disse o senador, na sequência de sua entrevista:

- Eu esperava uma situação mais confortável. Nós esperávamos algo em torno de 58, 59 votos. (...). Do jeito que ficou, o Michel Temer não está numa situação tão confortável assim. Ele vai ter que ter uma relação muito boa com o Senado Federal, porque, se perder três votos aqui, a Dilma volta.

Pode parecer incoerente a pessoa votar hoje a favor e amanhã não, mas a política é muito dinâmica. O que espero é que o Michel consiga agora implementar sua agenda, que ele tenha o apoio do Congresso Nacional e do Senado principalmente, para que ele possa desenvolver os projetos que ele tem em mente - concluiu.


O senador Perrella tem suas razões de desconfiança, as quais condizem perfeitamente com o que já pensava o saudoso político Magalhães Pinto, ao se referir à política partidária:

- Política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou.

Perrella, demonstrando muita preocupação, no tocante ao caminhar do presidente interino, a partir de agora, ainda disse:

- Estamos num momento muito sensível da vida nacional. Qualquer passo em falso do Michel Temer daqui para a frente… se ele não conseguir aprovar a reforma da previdência, a CPMF, e alguns temas polêmicos necessários ao ajuste fiscal, ele terá muita dificuldade.

Perguntado ao senador, qual era avaliação que ele fazia acerca da atual situação, se ela já estava definida/consolidada, ele respondeu:

- Como a vida é muito dinâmica, eu quero crer que a Dilma não vai voltar. Mas o governo vai ter que ter a habilidade que ela não teve para lidar com essa Casa, para lidar principalmente com o Senado, porque é uma decisão ainda em caráter temporário. Ela não está definitivamente afastada. Então, vamos aguardar. Eu espero que, com a habilidade do Romero Jucá (cotado para o Ministério do Planejamento naquele momento), e de outras pessoas que conhecem bem a Casa, ele consiga implantar uma agenda mínima, pois hoje a consciência é que nós temos que ajudar.

Do jeito que estão sendo feitas as composições dos ministérios, eu já vejo alguma insatisfação dentro do PSDB, eu já vejo insatisfação dentro do meu próprio partido, eu já vejo insatisfação aqui dentro com a maneira que esses ministérios estão sendo montados.

Não porque a gente esteja buscando ministérios, mas está gerando insatisfação. O Michel Temer já deu cargos, como no Rio de Janeiro. Ele deu o Ministério do Esporte para uma pessoa que votou inclusive contra ele. Isso acaba gerando mal-estar dentro da base de apoio dele.

Eu espero que ele tenha sensibilidade para fazer o contrário do que a Dilma fez. Ela não teve nenhuma habilidade para lidar com a Casa e acabou caindo por isso. Claro que o motivo maior da queda não foram as pedaladas, porque nós estamos num julgamento também político. Ela caiu pelas vozes das ruas, pelas trapalhadas do governo, principalmente pela falta de articulação do governo aqui dentro, coisa que o Michel Temer está mais bem preparado do que ela - concluiu.


No entender do parlamentar Perrella, Michel Temer tem de contar com a contribuição/compreensão/colaboração de todos.

Se algum parlamentar da atual composição partidária se sentir “injustiçado” ou “insatisfeito” com as “benesses” recebidas e/ou não recebidas e se rebelar, migrando para o lado da oposição atual, o caldo poderá entornar.

E agora, Michel?

A festa acabou, a luz apagou... Mas será que o povo nas ruas e os seus parceiros, digo, parlamentares da sua base aliada, continuarão lhe dando o devido apoio para que Vossa Excelência dê um rumo promissor e mais bem organizado para o nosso país?

E agooora, Michel?
Germano Correia da Silva
Enviado por Germano Correia da Silva em 13/05/2016
Alterado em 13/05/2016

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