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REFÉNS DE ROTINAS INEVITÁVEIS
 
Por viver nesta cidade grande chamada São Paulo, onde a pressa, a ansiedade e o estresse tomam conta das pessoas e dificultam o caminhar delas, num primeiro momento, não consigo entender como ainda é possível levar a bom termo a circulação de milhares de automóveis, ônibus, táxi, vans escolares, ambulâncias, entre outros, nas mesmas vias urbanas em que circulavam cerca de meio século atrás.

O corre-corre das pessoas é inevitável que para não serem atingidas por motociclistas apressados, disputando espaços com os ciclistas, por vezes, trafegando na contramão e sobre as calçadas, procuram se esquivar de tudo isso como se estivessem fugindo de uma avalanche que corre na sua direção, quando andam pelas vias públicas.

Como o faz a maioria dos transeuntes que tem a necessidade de conviver com a correria das cidades grandes, tolera pacificamente toda a poluição sonora provocada pelos veículos como um todo, pelas vozes diferenciadas dos locutores das lojas em geral e dos vendedores ambulantes a pé e motorizados que precisam defender seu ganha-pão chamando a atenção dos consumidores desatentos.

Sem alternativa, procuram conviver com a poluição ambiental, provocada pelos escapamentos dos veículos, sobretudo dos ônibus, carros de passeio e motos, totalmente desregulados, mas essa situação caótica já se tornou rotineira entre os seres vivos que pensam que vivem, mas apenas sobrevivem, nessa metrópole de ar meio impuro, antes conhecida como São Paulo da garoa.

Observo todos os dias, pessoas andando em círculos, entrando e saindo de seus meios de transportes (carros, ônibus, táxi, vans escolares, metrô etc.), se desvencilhando de outras que estão indo e vindo, num ritual semelhante ao trabalho rotineiro das formigas operárias em ação nas suas colônias.

Descuidadamente, tropeço em amontoados de mercadorias dos vendedores ambulantes, expostos ao ar livre sobre as calçadas e nos espaços por onde deveriam passar os pedestres e logo adiante vejo um tumulto generalizado provocado pela presença dos agentes fiscais da prefeitura, que tentam recolher as mercadorias daqueles que estão em situação irregular.

Tem sido comum me deparar com pessoas desatentas no tocante à proteção de seus pertences pessoais, tais como carteiras, sacolas, bolsas, por conta de sua preocupação incondicional com as mensagens que recebem e/ou que precisam ser enviadas, de imediato, por meio de seu telefone celular.

Fujo de pessoas “malfeitoras”, armadas e desarmadas, que surgem dentro e fora das agências bancárias, monitorando as ações das pessoas que se utilizam das cabines de atendimento, principalmente das ações “vigorosas e vagarosas” dos idosos, assim como eu, que precisam depositar ou sacar seu “pobre” dinheirinho.

Vejo policiais circulando a pé e de carro, sempre aos pares e aos quartetos, respectivamente, fazendo suas rondas rotineiras, passando para os transeuntes em geral aquela impressão positiva de uma segurança urbana eficaz e de que tudo está sob controle.

Observo algumas pessoas e às vezes até filas de jovens e adultos, procurando por um emprego estável, mas não vejo empregadores suficientemente preparados oferecendo oportunidades de empregos para a minoria dessas pessoas desempregada.

Essas milhares de pessoas, assim como eu, que fazem parte desse contingente humano sobrevivente natural de uma cidade grande, sofrem muito para evitar que a pressa, a ansiedade e o estresse cruzem seus caminhos, mas se isso for inevitável, que nos tornemos pelo menos seres neuróticos saudáveis e, consequentemente, poderemos viver muito mais que as pessoas supostamente normais.
Germano Correia da Silva
Enviado por Germano Correia da Silva em 07/06/2019
Alterado em 23/09/2019

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