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O PAPEL DAS REDES...
 

Adoro ficar por algum tempo na rede, mas essa rede a que me refiro não passa de uma peça de tecido resistente (de algodão, linho, fibra etc.), suspenso pelas extremidades, que fica esticada lá no meu alpendre improvisado e que, de vez em quando, eu a uso para dormir um pouco e, muitas vezes, descansar muito.

Há outros tipos de redes, evidentemente, e aqui tentarei dissertar acerca da importância das chamadas redes sociais que são toda essa estrutura virtual em que diversos indivíduos mantêm vários tipos de relações (de amizade, de negócios, de namoro, de debates ideológicos etc.) e que com o passar dos anos esse espaço de convívio virtual tem tomado dimensões acima do normal.

As redes sociais, que antes serviam para as pessoas se comunicarem de forma amistosa, de uma hora para a outra viraram um verdadeiro barril de pólvora, onde os ataques e insultos mútuos, com os mais variados tipos de agressões morais entre seus seguidores,  sobretudo quando o assunto é defender ou acusar membros da política partidária, tenderão a causar uma explosão generalizada, a qualquer momento.

Atualmente, e mais do que nunca, as redes sociais viraram um campo de combate virtual muito polarizado. Ali, as pessoas que cultuam ídolos populares que estão ou estiveram em evidência no mundo da política partidária usam e abusam desse espaço virtual para demonstrarem seu ódio, sua raiva, suas frustrações, etc. para com outros grupos que têm projetos/anseios ideológicos semelhantes.

Há, sem sombra de dúvida, nas redes sociais, as mais variadas divergências entre os internautas apoiadores e/ou contestadores de atitudes políticas, formando grupos distintos de extremos ideológicos, e essas divergências até certo ponto agressivas, por vezes, têm sido públicas ou mesmo dentro de certos grupos fechados.

A polarização política partidária de nosso país é um fenômeno social que tem se agigantado de forma assustadora e ela carece de muita atenção e de um estudo mais acurado por parte da ciência política nacional.

Em quase todas as discussões que a envolvem, essas discordâncias de ideias sempre têm sido consideradas no contexto dos partidos políticos e de sistemas democráticos de governo vigentes como uma rotina natural e tentam, de alguma forma, combater aqueles "homens do povo" que estão em evidência ou que já estiveram no poder tempos atrás.

É sabido que quando essa polarização ocorre em um sistema bipartidário, ou seja naquela situação política em que apenas dois partidos dividem o poder, ou constitucionalmente ou de fato, sucedendo-se em vitórias eleitorais em que um deles conquista o governo do país e o outro ocupa o segundo lugar nas preferências de voto, passando a ser a oposição oficial e institucionalizada, como ocorre com os Estados Unidos, vozes moderadas muitas vezes perdem poder e influência.

Já no caso do Brasil, onde há já algum tempo reina o pluripartidarismo, exatamente desde 22 de novembro de 1979 (aprovado em definitivo através da Lei Federal n° 6.767, de 20 de dezembro de 1979), quando foi restabelecido o início do fim do Regime Militar, tendo sido instituído seis anos depois, essa polarização tem ganhado corpo e tudo indica que não tem data marcada para acabar.

Nos moldes desse pluripartidarismo brasileiro, que é um sistema político onde três ou mais partidos políticos podem assumir o controle de um governo, de maneira independente, ou numa coalizão, as discussões ideológicas tendem a ser mais acirradas e sem condições de acordos de ideias.

Atitudes ideológicas e ideias políticas divergentes à parte, seria de bom grado que essas pessoas que têm ideias e ideais diferenciados umas das outras, fossem menos agressivas quando da exposição dos seus pontos de vista nas redes sociais e tentassem através do diálogo pacífico e esclarecedor convencer seu opositor, fazendo disso uma rotina sadia e menos beligerante.

Será que algum dia conseguiremos fazer com que a truculência reinante nas redes sociais entre as pessoas que a utilizam, dominadas que estão por essa polarização política agressiva, ceda espaço para a aparição do diálogo moderado e esclarecedor dos erros e acertos das classes políticas do nosso país, sejam elas de direita, de esquerda e do centrão?

Enquanto isso não vier a acontecer de forma consistente, estarei numa rede composta por uma peça de tecido resistente (de algodão, linho, fibra etc.), suspenso pelas extremidades, que continuará esticada lá no meu alpendre improvisado e que, de vez em quando, eu a usarei para dormir um pouco e, na maioria das vezes, descansar muito.

Germano Correia da Silva
Enviado por Germano Correia da Silva em 11/11/2019
Alterado em 27/01/2023
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