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A SERENIDADE DO URUBU-REI


Era uma vez um urubu-rei que, apesar de sua aparência de uma ave muito serena, andava meio preocupado com o rumo que o seu habitat estava tomando nos últimos tempos. A aparição de alimentos raros, por vezes, tostados, em meio aos restos de madeiras queimadas espalhadas em algumas clareiras da mata que o abrigava, o deixava muito triste.

Ele sabia que aquela situação era transitória, pois se devia à ação insensata de alguns humanos afeitos ao ato do desmatamento, os quais, no seu entender, teriam de fazer uma rápida reflexão acerca de suas mais recentes atitudes nesse sentido e decidissem parar, de uma vez por todas, de agredir à mãe-natureza.

Certo dia, ele estava bem quietinho, apoiado sobre o tronco de uma árvore caída, observando atentamente uma revoada de andorinhas que fugia de uma nova nuvem de fumaça que surgia no meio da mata e ali, subitamente, foi interpelado por outra ave de rapina, que também se dizia rei daquela região. E naquele momento, que tinha tudo para ser amistoso, essa ave visitante o cumprimentou, seguido de alguns questionamentos, a saber:

- Olá meu grande rei sem trono! Estás precisando de algum tipo de ajuda? Percebo que tu és muito lento na localização de algum animal morto para te servir de alimento. Por que tu não fazes como eu, que quando quero me alimentar, escolho a minha presa e parto para o ataque fatal, devorando-a em seguida?

Mantendo a sua serenidade de sempre e sem se perturbar com a forma de tratamento meio debochada e assaz arrogante daquela ave que se dizia diferenciada das outras, o urubu-rei respondeu:

- Seja bem-vindo, carcará camarada! Percebo que somos iguais em quase tudo, menos nessa maneira pouco amistosa que tu usas para se dirigir a mim e a alguns dos meus semelhantes.

A ave visitante continuou agindo com aquele seu jeito irreverente, revoando diversos pontos daquele local com muita rapidez, cuja intenção maior era demonstrar seu pseudo grau de superioridade perante às demais aves daquela mata. Ele fez isso até o exato instante em que teve o seu peito varado por uma ponta de madeira de uma árvore quebrada.

Agonizando de dor e pressentindo que estava prestes a morrer, pediu socorro ao urubu-rei. Este, por sua vez, por já estar prevendo a ocorrência de um acidente com aquela gravidade, tamanha era a imprudência da ave visitante, o atendeu prontamente, fazendo apenas uma pequena ressalva:

- Olá minha grande ave de rapina! Geralmente eu não costumo ter pressa na resolução das dificuldades que surgem no meu dia-a-dia. Conforme tu me alertaste momentos atrás, eu ainda estou à procura de algum animal morto para me servir de alimento e não obstante à gravidade do teu atual sofrimento e o tempo que tu levarás para morrer, eu saberei esperar...
Germano Correia da Silva
Enviado por Germano Correia da Silva em 18/09/2010
Alterado em 19/09/2010

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