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ENCANGANDO GRILOS
 
Pé no Bolo é uma dessas crianças traquinas, dotada de muita inteligência e argúcia ímpar e, quando não está vivenciando alguma situação de traquinice é capaz de ocupar parte do seu tempo ocioso com algo inusitado: encangando grilos.
Num primeiro momento seria quase impossível imaginar-se uma criança peralta, colocando uma pequena peça de madeira, no pescoço de um inseto saltitante, peça essa semelhante àquela que prende os bois pelo pescoço e os liga ao carro ou ao arado, conhecida como canga, se não houvesse outro entendimento  para a expressão em questão.
No entendimento popular, encangar grilos, significa não ter algo para fazer, ficar à toa, ou realizar tarefas inúteis. Destarte, quando Pé no Bolo não está a serviço dos seus pais, estudando na sua escola, ou ocupado com alguma peripécia criativa, gosta de ficar de papo para o ar, sem algo útil para fazer. Em suma: ele fica encangando grilos.
Dia desses, quando ele retornou da escola, sumiu por alguns instantes da vigilância de seus pais e gerou um grande alvoroço e expectativa por parte deles na localização de seu paradeiro.
Há no sítio dos seus avós e próximo ao quintal da casa deles, algumas árvores que são geradoras de muita sombra; avançando um pouco para o meio desse sítio é possível encontrar um espaço que é formado por árvores frondosas.
Dentre elas, há uma espécie conhecida pelo nome de umbaúba, cujas árvores abrigam, há já algum tempo, dois animais de coloração bruno pardacenta, que tem uma faixa preta que cobre a espádua e a nuca, esses animais só se alimentam das folhas dessas árvores e são conhecidos como preguiças-de-coleira.
Sabe-se que, em pelo menos uma vez por mês, quando Pé no Bolo vai visitar seus avós, ele tem se refugiado nessas árvores, bem próximo desses animais. Geralmente, quase como em um passe de mágica, ele desaparece do corre-corre do seu mundo irrequieto e tem ido lá observar de perto o caminhar, quase parado, desses dois animais.
A preguiça-de-coleira, por natureza, tem movimentos muito lentos, dando a entender que vive numa sonolência constante e até Pé no Bolo percebeu que no mundo delas não há espaço para quem tem pressa no andar e no pensar, assim como ele.
O modo de viver, meio sonolento, desse animal, por vezes, é capaz de causar inveja a outros animais de hábitos de descanso parecidos, sobretudo àquela situação vivida por um gatinho, meio dorminhoco, amigo de Pé no Bolo, que também se esconde numa área meio sombria existente no quintal da casa onde ele mora com seus pais.
Germano Correia da Silva
Enviado por Germano Correia da Silva em 20/12/2011
Alterado em 13/06/2020
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