![]() SEM CHOQUE DE GERAÇÕES
Zezinho dava a entender que acabara de chegar da escola. Não trazia o semblante meio carrancudo, o que normalmente o fazia quando ia visitar o seu avô e queria escapar de um suposto interrogatório após um dia de prova. Ele era um garoto muito esperto e naquele dia antes que o seu avô iniciasse aquele interrogatório rotineiro, ele mudou de tática e contra-atacou: - Vovô, no seu tempo já existia a avaliação por meio de provas? - Claro que sim, Zezinho; essa forma de avaliação escolar é bastante antiga. Sem dar espaço para um provável questionamento do seu avô, continuou a perguntar: - No seu tempo, o senhor foi uma criança traquinas? - Eu acho que sim, meu neto. A maioria das crianças da minha época o era. - Vovô, naquele tempo, que tipo de aluno tirava as melhores notas? E o avô, sem entender bem qual era a intenção do seu neto, respondeu sem pestanejar: - Eram os alunos que se dedicavam aos estudos com bastante seriedade. - E o senhor era um desses alunos? E o avô respondeu: - Decididamente, não. Eu não tinha tempo para estudar e nem para freqüentar as aulas regularmente. - E o que o senhor fazia nos dias que não freqüentava as aulas? Sem muita chance para pensar, o avô respondeu: - Eu geralmente ia prosear com alguém da minha família. Ia visitar meus primos, meus tios, meus avós, etc. Zezinho, com a consciência meio pesada, por estar gazeando já há bastante tempo, apesar da marcação cerrada do seu avô, um pouco mais aliviado, murmurou: - Como o senhor pode ver, o tempo passa, as gerações passam e parece que nada muda neste mundo... Germano Correia da Silva
Enviado por Germano Correia da Silva em 20/04/2007
Alterado em 10/05/2007 |