Meu Recanto de Versos e Prosas...

Um Lugar Calmo e Aprazível Onde Você se Diverte, Reencontra e/ou Revive Suas Mais Infinitas Emoções!

Textos

22 - O PLANTIO DE FEIJÃO E MILHO
 

Todos os anos, chuvosos ou não, a família de Billy Lupércio Daniel que naquela época era composta pelos seus pais e seus irmãos e que formava um grupo de trabalho que girava em torno de dez pessoas, tinha a obrigação de fazer seu plantio de feijão e milho para seu consumo interno.

Desse contingente humano familiar, apenas um pouco mais da metade produzia algo consistente em termos de realização de trabalho braçal. A outra parte, que era formada por crianças muito pequenas, por não ter com quem deixá-las na sua residência, seus pais tinham de levá-la consigo.

A área de terra agricultável que a família de Billy dispunha para o cultivo de milho e feijão era um pouco pequena, quase insuficiente para atender as reais necessidades de sua família, mas era nela que seus pais depositavam suas esperanças.

Eles não dispunham de máquinas agrícolas, tais como tratores para arar e gradear a terra, nem semeadeiras, sequer um arado, para que fossem utilizadas na preparação da terra e no espalhamento das sementes na área efetivamente destinada à plantação. Todas as etapas preparatórias tinham de ser feitas de forma braçal e dentro do tempo disponível para cada uma delas.

O plantio de feijão e de milho pelo sistema convencional de semeação dos grãos, era feita de forma rudimentar, que poderia ser feita de forma manual, com o emprego de enxadas para abrir as covas, ou era por meio do sistema de aração, visando à preparação do terreno para esse fim.

Lá, na propriedade do seu pai, esse plantio era feito de forma conjunta, feijão e milho, todos nos seus respectivos tempos e manualmente. Primeiramente, com o emprego de enxadas, eram abertas as covas para o plantio do feijão. Terminada essa primeira etapa do plantio do feijão, ainda no mesmo dia, far-se-ia o plantio do milho, assim como fora feito com o do feijão. As covas deveriam ter uma profundidade média de cinco centímetros; em cada cova de feijão eram colocadas duas sementes e, três ou quatro sementes para cada cova de milho.

Entre as covas de milhos deveria ser mantida uma distância de quase um metro, entre uma e outra, e no tocante à largura, também.

Como o serviço era estritamente manual, o fechamento das covas era feito com os pés. Uma ou mais pessoas iam na frente abrindo as covas e outras vinham atrás tapando as covas, evidentemente.

Para quem estivesse de longe, observando aquela movimentação sincronizada, tendo à frente os abridores das covas e logo atrás as pessoas que vinham colocando as sementes e cobrindo-as com os pés, poderia imaginar que se tratava de uma dança, especificamente de uma valsa.

Aquela movimentação sincronizada do plantador ao cobrir as sementes com a utilização dos pés, apesar de ser um pouco divertida, ao fim de um dia de trabalho desse agricultor, o cansaço tomava conta do seu corpo inteiro, não somente das suas pernas.

O lavrador que não dispunha de plantadeiras, mecânicas ou manuais, a exemplo do seu pai, tinha de contar com a grande disposição e habilidade das pessoas que eram verdadeiros azes naquela função de cobrir as sementes.

Na sequência, dias depois, com o feijão e o milho mais crescidos e o consequente surgimento de matos e ervas daninhas entre eles, era chegado o momento da capina. Billy tinha uma enxada pequena apropriada para a realização desse serviço; seus pais e seus irmãos também tinham, cada um a sua, já previamente preparadas para essa atividade.

Por fim, viria o tempo das colheitas. Primeiramente, era feita a colheita do feijão, que consistia nas atividades de arrancar os pés carregados de vargens secas para depois serem batidas para a extração dos grãos, em seguida secá-los, e ensacá-los, quando necessário fosse.

Mais tarde, quando as espigas de milho estivessem com os grãos bem secos, o processo dessa colheita seria bem parecido com a do feijão: as espigas seriam retiradas dos pés de milho, passadas pelo processo de extração dos grãos, colocadas para secar e os grãos secos seriam ensacados quando preciso fosse.

Era um trabalho um pouco maçante, mas era daquela maneira que o agricultor pobre conseguia fazer para tentar sobreviver em meio às suas dificuldades mais pontuais, sem depender dos parcos incentivos governamentais, os quais raramente eram destinados ao atendimento da agricultura de subsistência.

 

Germano Correia da Silva
Enviado por Germano Correia da Silva em 16/08/2020
Alterado em 26/05/2023
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.

Site do Escritor criado por Recanto das Letras